A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

sexta-feira, setembro 30, 2005





Ontem levaram a mãe e familiares do Jean Charles a percorrer o trajeto do filho até ser assassinado pela polícia britânica. Junto, um batalhão de urubus, perdão, jornalistas.

Vergonha! Por que a humanidade é capaz de atitudes mórbidas como esta? O que acrescenta para esta mãe e familiares este "passeio"? O que acrescentou para você e seu filho?

segunda-feira, setembro 26, 2005




Pois após a fundação leve, as paredes boas, vem o revestimento. Entre os revestimentos, nenhum presta-se melhor para o reaproveitamento de resíduos do que a argamassa.

Você, leigo, deve saber que argamassa é uma mistura de cimento e areia, adicionados de cal e/ou aditivos. E quando se fala aditivo, o campo fica fértil para o uso de resíduos.

Os aditivos, geralmente, tem a função de facilitar a aplicação da argamassa. Assim, a cal, por exemplo, deixa mais fácil o espalhamento da mesma na parede, entre outras vantagens. Ajuda a evitar a retração do cimento, fenômeno que causa patologias como fissurações e trincas.

Neste contexto, o uso de lodo industrial com metais pesados aparece como bastante interessante e viável. O lodo industrial, geralmente é pastoso, melequento mesmo. Adicionado à mistura de cimento e areia, certamente facilitaria imensamente o trabalho do pedreiro na aplicação.


Mas o mais importante vem agora. Além da ajuda na solução do problema ambiental que o uso deste material trará, econômica e estéticamente seria uma solução impecável. Afinal, o lodo apresenta uma cor azul esverdeada. Fácil perceber que se obterá considerável economia de tinta.

Ainda na mesma linha, propõe-se também a investigação para viabilização do uso de argamassa com agregados de resíduos de E.V.A. Este usado teria a vantagem adicional de se usar material importado (o E.V.A.) sem a necessidade de pagamento de royalties aos gringos.

As duas idéias acima são da Margaret e do Marcelo. Mas um leitor atento deste blog, o Mahai, especialista em química, sugeriu também o uso de habitações populares para o reaproveitamento de material radioativo de para-raios desativados assim como de cápsulas de Raio-X. Quanto a estes, recomendo um certo cuidado. Material radioativo sempre trás uma certa polêmica. Existem alguns puristas que torcem o nariz e dizem que podem ser prejudiciais à saúde. Não acreditamos muito nesta hipótese. Mas por via das dúvidas, como está prestes a ser posto em uso o fosfogesso, material com radioatividade comprovada, na construção de paredes para casas populares, recomenda-se observar as implicações decorrentes antes de popularizar o uso dos materiais mencionados acima.


Nunca é demais esquecer que o governo goiano, parece, ainda não sabe o que fazer com aquele lixo atômico descoberto por lá anos atrás. Seria um material com custo muito baixo para aquisição. O uso poderia ser proposto, neste caso, para a execução de muros e paredes de presídios, já que conferiria o benefício da auto-iluminação permanente. Também poderia ser interessante para construção de gabinetes de deputados.

Voltamos com o uso de cocô e também com a avalição pós ocupação.

Não se esqueça de voltar aqui.

quinta-feira, setembro 22, 2005


Onze anos atrás. Exatamente no dia 22 de setembro de 1994, eu descobri o sentido real da vida. Eu entendi para que se está aqui. E juro que estou me esforçando para não fazer bobagem. Lucas, nunca é demais repetir: que bom que tu estás aqui conosco.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Então tá. Você fez o radier, contribuiu para diminuir os óbitos por afogamento assim como para evitar o estrago de móveis.


Mas uma casa não é feita apenas de fundações. Tem as paredes também. Parede pode ser de bloco, de tijolo ou de painel pré-moldado. Neste caso a tarefa de re-usar o lixo humano fica ainda mais fácil.

Afinal, 100 em cada 100 pesquisadores de resíduo têm como primeira idéia esconder o resíduo dentro de blocos e tijolos, seja de cerâmica, seja de concreto, seja de resíduo simplesmente. Isto é estatísticamente provado.


O que ainda não foi tentado em placas que, segundo a Margaret e o Marcelo pode ser muito produtivo e lucrativo?

Baterias usadas de celular

Problemaço as placas de celular. Fazer o que com elas? Largar em mares e rios nem pensar. Enterrar então, nem se fala. Placas de concreto nelas. O uso de pré-fabricação permite o incremento da qualidade na construção. Menos perdas, menos desperdício e maior controle de qualidade.

A incorporação de baterias de celulares, e talvez dos próprios celulares usados às placas, já de cara permite a redução do uso de britas, e, consequentemente, a manutenção daquele morro bonito que enfeita a paisagem.

Além disto, considerando a forma e a dureza das placas, outras vantagens seriam a possibilidade de fabricação de paredes mais esbeltas e mais rígidas.

Mas a principal vantagem seria confirmar a teoria de que baterias e celulares mantém a memória. O uso destas placas de concreto com baterias e celulares usados em câmaras legislativas e palácios governamentais permitiriam o grampo das conversas sem a necessidade de equipamentos mais sofisticados.

Isto sem esquecer a principal razão do uso deste tipo de material na construção, ou seja, a preservação ambiental.

O único problema vislumbrado no futuro desta pesquisa reside na forte possibilidade de, dando certo, atrair a cobiça dos fundos de pensão que, todos sabem, controlam boa parte das empresas telefônicas.

Se você pensa que este problema pode se tornar insolúvel, recomendamos a substituição das baterias e dos celulares na fabricação das placas de concreto por lâmpadas fluorescentes queimadas .


Neste caso, além da preservação ambiental, a principal vantagem seria na estética - uma vez que os vidros das lâmpadas brilhariam no escuro -, leveza e economia de cimento, através da moagem de parte das lâmpadas. Certas correntes de estudiosos de materiais acreditam que a passagem contínua e prolongada de corrente elétrica pelas lâmpadas conferem propriedades pozolânicas ao material moído.

Outra possibilidade bastante interessante e viável para desenvolvimento de materiais para blocos e painéis é o uso de grânulos de pneu triturado.

Mas esta é história para o próximo post, que este já está longo o bastante e, mais importante, repleto de idéias milionárias.

E também não se preocupe. Vamos logo chegar ao ouro pelo cocô.

(Não esqueça de voltar aqui.)

segunda-feira, setembro 19, 2005

Você já viu aí embaixo que seu cocô pode virar ouro.

Antes de chegar ao cocô, vamos dar outras sugestões para que você possa enriquecer rapidamente.

Por exemplo: uma obra começa pelas fundações. E pobre, geralmente mora em zonas baixas, sujeitas a alagamentos. É duro ser pobre.

Rico moderno passa o dia no computador. E imprime um monte de coisas. Documentos, piadas, desenhos, etc., etc., etc. E gasta um monte de cartuchos.

Aí a Margaret pensou no seguinte:

Por que não resolver um dos problemas dos pobres e um dos problemas dos
ricos na mesma tacada?


E com esta idéia na mente surgiu a seguinte proposta:

Fundações em radier de concreto incorporando cartuchos usados de impressoras como agregado leve. Radier é uma fundação no formato de laje. É uma laje grande que fica no solo e sobre esta laje se constrói a casa.


Qual a grande vantagem desta solução?

Elementar meu caro leitor: Os cartuchos vazios estão cheios do que? Ar, muito ar. E ar é leve. Se o cartucho tem ar e o ar é leve, e o radier é uma laje que parece uma balsa, a casa vai flutuar em caso de enchentes.

Não é genial?

Além da economia de concreto, teremos diminuição radical nos efeitos econômicos e de saúde no caso de enchentes.

Então? Se você é pesquisador, pode por as mangas de fora e iniciar a pesquisa com este novo e revolucionário produto.

Mas tem mais, não deixe de voltar aqui.

sábado, setembro 17, 2005




Não jogue fora o seu cocô. Como diz aquele blog famoso, sua merda pode virar ouro.

Outro dia fui num Workshop sobre projetos de pesquisa na área de construção. Na verdade foi uma reunião, mas no meio acadêmico é "chic" dizer Workshop. Mas vamos ao que interessa.

Neste workshop, a Margaret, chateada com o relatório de alguns projetos que estavam sendo apresentados decidiu fazer um balanço e propor novos projetos.

Quem é a Margaret? Não vem ao caso agora. Depois, se ela deixar, eu passo a ficha técnica.

Mas voltemos ao foco. A Margaret decidiu fazer um levantamento sobre pesquisas voltadas para a produção de materiais de construção. E descobriu uma coisa muito interessante.

Descobriu que, por alguma razão divina ou esotérica, o mundo decidiu que tudo que não presta, todo o refugo, todo o lixo da humanidade, deve ser transformado em material de construção.

Ah, você duvida? Quer ver a lista de "resíduos" que já foram testados como material de construção com recursos públicos investidos na pesquisa? Então vai lá.

Resíduo de polivinil butiral, resíduo de corte de granito, resíduo de Pinus caribaea, resíduo de lapidação de vidros, lama de lavagem do minério de ferro, resíduo industrial, resíduos da clarificação de óleos comestíveis, resíduo de laminados de fibra de vidro, rejeito plástico, resíduo de borracha, escória de aciaria, cinza da casca de arroz, resíduos de E.V.A. (Ethylene Vinyl Acetate), resíduos do processo de fabricação de papel, resíduo do curtimento de couro, resíduo de areias de fundição aglomeradas com argila, escória de ferra-cromo, material dragado do rio Tietê, resíduo de E.V.A. da indústria calçadista, resíduo contendo metais pesados, resíduos de contrafortes de calçados, resíduo sólido da fabricação do zinco, resíduos de indústrias têxteis e cinzas pesadas, a arquitetura divulgando o resíduo sólido urbano como recurso, cinza de incineração de lixo aeroportuário, rejeito da indústria da cerveja, cinzas pesadas de termelétricas, cinzas de cana de açúcar, fibras de borracha vulcanizada (da recauchutagem de pneus), resíduos agroindustriais, resíduos da indústria siderúrgica e, ufa, resíduos da borracha de pneu.

É pouco? Pois a Margaret acha que é. E eu concordo. Não importa que o único que tenha vingado seja a cinza leve de usinas termelétricas, que aliás nem foi mencionada aí em cima. Cinza esta toda consumida, veja só, pela indústria de cimento. É uma espécie de enchimento, pode-se dizer assim, para dar "volumetria" e peso, obviamente, aos sacos. Mas até nem é tão mau o seu uso. Tem até fábricas de cimento que, vejam só, compram cimento com cinza de outras fábricas, acrescentam mais cinza ao cimento com cinza e vendem o novo cimento. Tudo nos conformes. Quer dizer ... Nem tudo, mas também, quem liga em comprar produtos fora de normas?

Então, como boa pesquisadora que é, a Margaret, com a ajuda minha e do Marcelo, um arquiteto meio abusado, propõe a pesquisa com novos resíduos. Temos certeza que estes vão vingar e que em breve sua casa vai conter estes novos produtos.

Mas isto é assunto para outro post. Enquanto isto, vai armazenado o seu cocô, que este lhe poderá dar muita alegria e dinheiro no futuro.

(To be continued)

quarta-feira, setembro 14, 2005


Todos nós já nos questionamos com perguntas que começam com se.

Se eu fosse ganhador sozinho da Mega Sena acumulada o que faria?

Se eu fosse mulher como eu seria?

Se eu fosse presidente da república como agiria?

Por falar em se eu fosse e em presidente da república me ocorreu mais um dilema existencial.

Todo este escândalo e vem o Lulla e diz que não sabia de nada.

Zé Dirceu? Imagina, não sabia de nada.

Delúbio? Não sabia de nada.

Tarso Genro? Bah tchê, tu estás brincando! Eu não sabia de nada.

Agora vem o Genoíno e diz: Vixe Maria seu minino, eu não sabia de nada.

Como tem cornos neste PT! Sempre são os últimos a saber.

Aí que pensei: se eu fosse PT eu rastrearia o celular da minha mulher. Porque, com certeza, eu também não saberia de nada.

domingo, setembro 11, 2005


Armas? Melhor não te-las. Mas diferente de filhos, não precisamos tê-los para descobrir esta verdade.

Mas e daí?

Daí que estamos frente à uma encruzilhada: temos um plebiscito em pouco tempo para decidir se somos a favor ou contra a venda de armas.



Cafajeste quem propõe este dilema.

Eu não tenho arma, jamais terei. Mas eu não quero que nenhum bandido ordinário sequer desconfie disto.

Demagogos baratos!

Palhaços!

Não são capazes de garantirem a segurança do cidadão e querem jogá-los à sanha de marginais, traficantes e sequestradores.

Babacas!


O que está por trás disto? Serã que efetivamente é a preocupação com a violência? Ou será que os mentecaptos que propuseram a lei acreditam no que propõem. DU-VI-DE-O-DÓ.
Fala sério, você acredita mesmo que algum marginal vai descer do morro ou subir do inferno para entregar as armas? Se você acredita nisto, me desculpa a franqueza, mas você é um babaca. É sim.

Nesta hora não podemos esquecer as palavras de Benjamin Franklin, até para não dizer que não avisei:

"Quando todas as armas forem propriedade do governo, este decidirá de quem serão as outras propriedades".


VOTE A FAVOR DA VENDA DE ARMAS !!!!

terça-feira, setembro 06, 2005

Outro dia conversávamos sobre escrever.
É muito bom escrever.


Engenheiro, sou obrigado a escrever sobre momentos fletores, tensões principais, qualidade da construção e outros temas áridos.

Isto até que é bom, mas bom mesmo é escrever sobre nada. Ou escrever apenas preocupado com a sonoridade das palavras.



O Caetano Veloso é bom nisto. O Arnaldo Sisson também. O Gilberto Gil não. O Gil é um boçal. Tão boçal que Deus o castigou transformando-o em ministro da cultura de um governo (governo?) cujo chefe (chefe?) se orgulha de não ter cultura. Mas isto é outro assunto. Pois eu queria ser bom para escrever também.

Poder fazer poesia. Como o Arnaldo que escreveu assim ó:


Minha poesia é tudo o que há de bom,
real e grande em minha vida,
é o que me cabe e eu sei que não se açoda
com os deuses que provoca, evoca ou incomoda,
independe de estima e meus tantos desatinos.
Vai seguir sem mim o seu destino e assim até que a leias
e cumpra ela, enfim, a sua sina.


Ou o Caetano que escreveu sobre Sâo Paulo o que São Paulo não merece:

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes


Ou ainda, uma poesia de autor desconhecido que não quer dizer absolutamente nada mas que nunca esqueci após lê-la num muro de Porto Alegre:

Eternamente é ter na mente éter na mente.