A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Bah!

Eu chego no Rio Grande e é automático, passo a falar gauchês. Estas coisas de língua são muito interessantes. Me pede para falar italiano aqui e agora e, apesar de ter crescido ouvindo pai, tios e avôs falarem italiano, não falo uma palavra. O máximo que sai é portunhol. Me dêem 3 horas de Itália e meu italiano é melhor do que o do Berlusconi. Isto aconteceu sempre que fui lá. Até as veias do pescoço saltam e os olhos saem das órbitas na primeira contrariedadezinha.

Mas voltemos ao inferno, ou melhor, a Porto Alegre no verão. Pior que Porto Alegre no verão só Porto alegre no inverno. Pior que as duas só São Leopoldo no verão, no inverno, na primavera e no outono. São Leopoldo é tão ruim, mas tão ruim que a calçada de caminhadas e eventuais corridas é o canteiro central de uma avenida. Aí temos que parar em cada esquina sendo que nenhuma esquina dista da outra mais do que 30 metros. Como diria um mané de Floripa: "é um espetáculo".

Mas Porto Alegre também tem coisas boas. É a terra do Imortal Tricolor, dos filés maravilhosos e das mulheres mais lindas do mundo. E misteriosas. Bah! Bota linda nas prendas. A rua da Praia é o céu.

Por falar em céu, dois bêbados estavam saindo do bar já madrugada e um falou assim:

- Agora vou para casa brincar de exorcismo com minha mulher.
- Como assim? perguntou o outro.
- Minha mulher se faz de padre, vem com um baita sermão e eu vomito.

Eu tenho um amigo que falou que iria passar a semana entre Natal e Ano Novo na praia.

- Qual a praia?

- Rondinha.

Tá bem.

O Espírito Natalino nos faz mais condescendentes. Pelo menos com aqueles que merecem condescendência. Se bem que quem merece não faz nada que nos leve a sentir comiseração. E quem não merece, não merece. Mas vá lá. Mesmo que você não mereça eu desejo de coração um Natal legal e um 2006 melhor que 2005. A não ser é claro, que você seja cocô-lorado. Neste caso, tira fora dos bons augúrios o lado esportivo.


Acho que era isto. Mas que dá uma preguiça danada manter o blog atualizado nas férias, isto dá. Da mesma forma que falta tempo para isto nos duros tempos de trabalho. Mas aliás, bem que fala a To, ou para quem não sabe, a grande alemoa Maria Tomaselli:

- Para que mesmo serve um blog?

Mas aí ela fala isto e tem 3 blogs, logo ...

domingo, dezembro 18, 2005

Religiões ...

Discussão sobre religião é pior do que sobre futebol. Afinal, futebol tem coisas palpáveis para discutir. Podemos falar sobre as frangueirices do Clemer ou sobre o gol espetacular do Andershow. Mas discutir religião é discutir o vazio. Afinal, embora os relatos dos quase mortos, ninguém esteve tempo do lado de lá e voltou para contar. A não ser Jesus Cristo, mas este é suspeito.
Eu fui batizado católico e católico me considero embora não vá à missa há um bom tempo. E bota bom nisto.

Mas não mato, não roubo e não cobiço a mulher do próximo. Tá bem, se for muito boa até que dou uma cobiçadinha. Mas nada muito sério. O Lucas foi batizado mas só entra em igrejas em casamentos.

Faz as rezas dele todos os dias, mas tem liberdade para decidir se vai ser católico ortodoxo ou relapso, igual pai e mãe, esta que já se bandeou para o espiritismo.

Mas sim, tenho evidências bem objetivas de que há vida após a morte, mas quem sou eu para lhe obrigar a acreditar nisto? Por mais inteligente e por mais credibilidade que tenha. E por mais que você me ame e adore, mesmo assim, acho que não tenho todos os argumentos para lhe deixar 100 % convicto.

Por isto é que detesto discussão sobre religião.

Agora mesmo na Panela, uma lista da qual participo, tem umas figuras discutindo religião.

Tudo começou quando um citou Maimônides.

Eu nunca tinha falar na peça, mas dizem que foi um rabino dos mais prestigiados da história do judaísmo. Foi médico e juram que escreveu um Tratado, vejam só, sobre as hemorróidas.

Segundo um dos paneleiro escreveu também Os 613 mandamentos.

Aí o paneleiro este descreveu alguns dos mandamentos.

Outro, judeu, retrucou:

Perdeste uma boa oportunidade para ficar quieto. Você é melhor quando escreve sobre algo que sabes (sic) alguma coisa. Continue escrevendo sobre as asneiras do Lula que o seu futuro será mais promissor.


Aí que eu, para por lenha na fogueira perguntei:

Fulano,

Queres dizer que os mandamentos são invenção do Sicrano?


Antes que o fulano me respondesse, o Sicrano falou:

Negar isto (os mandamentos do Maimônides) é usar da mesma estratégia que estão usando os petistas. Todo mundo viu, todo mundo sabe, mas ninguém confirma.


Ao que Fulano falou:

Você já tentou fazer uma viagem a Meca ou Medina? Boa sorte, pois não vais conseguir achar uma igreja na Arábia Saudita ou entrares em Meca ou Medina se não fores muçulmano (o muçulmano também é circuncisado; logo, se você não o for, não dá nem para fingir).


Ao que fui forçosamente levado a concluir que para entrar em Meca há fila em que os caras abaixam as cuecas e mostram o bilau.

Imagina o guardinha que tem que conferir os documentos como deve estar feliz no fim do dia. Se ainda fosse fiscalizar calcinha de mulher e os que ela escondem por baixo...

Religiões ...

domingo, dezembro 11, 2005


Eu estou pensando em enriquecer. Na verdade eu não quero enriquecer, só quero ter dinheiro à vontade para gastar. O que, “no es lo mismo pero es igual”.

Aí que pensei, se o Coelho, Paulo e o Cobra, Nuno, ganham rios de dinheiro escrevendo abobrinhas, por que eu não seria capaz de faturar pelo menos uma poça do vil metal escrevendo frases prontas?

Então estou tentando e aqui vai uma amostra. Se você, querido e amado leitor, achar que está legal, me avisa que eu vou adiante. Não faça como fizeram com o Collor, não me deixem sozinho. Me avisem onde me dou melhor ou, pelo menos, menos pior.

Por exemplo, eu poderia passear pela auto ajuda. Neste campo tenho algumas frases prontas. Vão alguns exemplos:


As pedras não andam sozinhas.
Mas quando mal acompanhadas, machucam.



O Falcão não teme a Cobra porque a vê lá do alto.



Se a sua frente tudo parecer turvo, pode ser apenas um nevoeiro.



Se a perna estiver doendo, experimente encurtar o passo.



Se olhares para o horizonte verás as nuvens negras. No entanto, verás também o
sol e a lua.


Que tal? Não são profundas?

Posso também tentar re-escrever velhos provérbios, atualizando-os.
Mais ou menos assim:


Livre pensar é só penar.

É de velho que se dobra o pepino.

Devagar se chega tarde.

Nem tudo que seduz é ouro.

Nem tudo que balança é saco.

Quem com ferro fere com sangue será tingido.


Posso também advogar causas e planos. Por exemplo:

Roube sempre que puder.
Depois fuja para o Brasil.


Coma sempre a mulher do próximo.
Mas só se o próximo estiver bem longe.

Enfim, diz aí, você pagaria por estas maravilhas? Se sim, o que acha de eu colocar senha e assinatura na Vaca e o Brejo? Se não, lamento pelo mau gosto. O seu, claro.


sábado, dezembro 03, 2005

Não vejo mais você a tanto tempo
Que saudade que sinto ...


Pseudo-intelectual gosta sempre de iniciar um texto citando alguém que, provavelmente, não leu. Tem um babaca que foi candidato a reitor na UFSC que manda tijolos para os professores. Invariavelmente começa citando Gramsci.


Pior ainda é intelectual de esquerda. Intelectual comunista pensa que tem o dom de saber o que é bom, ou pelo menos de saber o que o "povo" deve ouvir. Uma vez o filósofo Joãozinho Trinta disse que pobre gosta de luxo e intelectual gosta de lixo. Nada mais errado. Intelectual ou não de esquerda gosta de luxo, desde que seja para ele. Estão aí o Land Rover e o Delúbio, entre outros, de exemplos.

Mas a verdade é que estes seres superiores torcem o nariz se alguém diz que olha novela, ou lê Sidney Sheldon ou Paulo Coelho. Eu detesto o Paulo Coelho, mas por questão de gosto, não porque um babaca destes diz que o cara é ruim. Mas sim, eles se justificam na ideologia, que manda controlar o cidadão. O estado está acima do indivíduo e os fins justificam os meios.

Isto é vero até que um suposto intelectual decide sair do armário. Anos atrás um deles falou que adorava os Trapalhões. Foi o que bastou para que Didi, Dedé, Muçum e Zacarias passassem a ser considerados bons. Viraram cult. Eu, que me divertia com eles todos os domingos me senti menos culpado. Afinal, se eles faziam programas para intelectuais eu, gostando deles, talvez pudesse me considerar um também.

Se este problema existe na literatura e na televisão e cinema, na música a situação é ainda pior. Quanto mais hermético o cara compõe, quanto menos música ele faz, mais é incensado pela crítica engajada. À exceção, é claro, quando fica evidente a idiotia da crítica. Por esta razão, nenhum destes malha o Mozart e sua música melodiosa e, muitas vezes, melosa. Mozart é Mozart. Ponto final.

Escrevo tudo isto para dizer que, embora Mozart seja minha preferência, eu gosto do Odair José, do Peninha, do Dalton e, claro, do Roberto Carlos, especialmente dos anos 70 e 80. Gosto também do Zezé di Camargo, embora esta veio petelha que eles têm. E daí? Daí nada. Eu prefiro qualquer um deles a um Chico por exemplo. Porque este é mais falso que nota de 3 e meio reais.

Se você está chocado o problema não é meu.

Ah, mas aposto que você também gosta do Odair José, do Peninha e do Roberto Carlos. Afinal, o Caetano não gravou música deles?

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar

(...)
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer


Isto não é bonito, é? Bonito é "A abelha fazendo mel, vale o tempo que não voou!" É ...
Vai ver que é ...