A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

quarta-feira, janeiro 24, 2007



Não tem aquela piada velha em que se vai mostrando uma série de coisas com determinado preço até a última, objeto da piada, que vem acompanhada de um não tem preço?

Pois foram publicadas duas fotos no Diarinho, jornal de Itajaí, que se enquadram nesta categoria. Por várias razões, políticas, sociológicas, etc., estas fotos não tem preço.

E dispensam comentários. Ou não. Para isto tem aí a coluna dos palpites furados. Podem ficar à vontade.






O evento era a posse do comandante da polícia militar do estado.

terça-feira, janeiro 23, 2007



A semana de férias no hotel a 20 km de Angra foi tão boa que este resfriado de herança não atrapalhou. Nem os 2 quilogramas a mais. Quem se excita com o litoral de Santa Catarina, certamente terá orgasmos com os recortes da Ilha Grande, as centenas de ilhas e o verde indescritível da mata.

Conhecerá também outro Brasil. Aquele de casas de frente para o mar com 18 suítes. Do condomínio que expulsou o Zeca Pagodinho por não aguentar pagode toda a noite. Dos helicópteros trazendo os proprietários de casas para o fim de semana.

O mar de Angra, para quem não sabe, é frio e afunda muito rapidamente. Mas ainda mantém uma fauna quase intacta. Tartarugas, estrelas do mar, peixes de todo tipo nadam tranquilos na certeza de que não serão tocados. Um argentino, sempre eles, apareceu no hotel com uma estrêla do mar. Quase foi linchado.

Uma rápida ida a Paraty deixou a vontade de voltar lá por mais tempo. Pelo menos 3 dias, que o centro histórico merece ser aproveitado com calma. Na baía, o Paratii-2 do Amyr Klink reinava absoluto. Uma pausa para recomendar a leitura do Linha-D'Água. Para quem gosta de mar e também para quem quer descobrir como se fazem as coisas mais bem sucedidas neste país. Só com muita garra mesmo.

A usina atômica de Angra parece comprovar a idéia de que trocar combustíveis fósseis e hidrelétricas pelo átomo é o caminho mais seguro para diminuir o aquecimento global e minimizar o efeito da ação humana sobre a natureza. E pensar que no Brasil usina atômica e ditadura militar já foram quase sinônimos. Espera-se que os eco-chatos não atrapalhem.

Como nem tudo é cerveja gelada, acompanhei pela TV o circo montado na cratera do metrô. Jornalista é uma raça desgraçada. Jornalista de TV, nem se fala. E profissional medíocre então? No caso juntou a tesão com a vontade de dar.

Morte de inocentes à parte, o que mais chocou foram os engenheiros e geólogos que, atrás de seus 5 minutinhos de fama, falaram asneiras até não poder mais. Uma penca de "Famosos quem?" eram entrevistados a toda hora pelos abutres. Obviamente deviam dizer o que os repórteres queriam ouvir. Causas e culpados eram apontados ao sabor dos ventos e dos caminhões de lama retirados. É possível que a causa da tragédia seja o projeto, a execução e até mesmo a ganância de empresários, mas ali, sem dados, as especulações eram apenas demonstração de falta de ética profissional, vaidade e vontade de aparecer. Que deu vontade de dar uns tapas deu.

Com tempo conto mais.

sexta-feira, janeiro 05, 2007



Leisa era linda. Pudera. Não pode uma mulher com nome tão doce, macio, aveludado ser outra coisa que não linda. Pena que tinha apenas 6 anos. Tivesse ela 16 e ele uns 18, casaria. Casaria sim. Mas ele também era um fedelho de 6 anos.

Heródoto lembrou disto enquanto saiu do computador para buscar mais um whisky. Prometera à mulher beber menos, mas há mais de 30 anos suas promessas eram vãs. Leisa. Onde andaria agora? Com que canalha estaria dormindo?

No fundo gostaria de ser famoso. Cantor. Ator. Um bosta destes que estão toda a hora na televisão. Certamente, mais dia, menos dia fariam uma surpresa para ele. Esta é sua vida. Ou o arquivo confidencial. Será que encontrariam Leisa? Nah ... Que os caras só levam familiares, vizinhos e as primeiras professoras. Quem saberia que ele fora apaixonado pela Leisa? Ela sabia. Morrera de vergonha ao contar. Mas contou. Agora estava ali. Um cara de pau.

Resolveu tomar cowboy que precisava algo forte. Detestava aqueles dias em que as reminiscências desciam tais quais fantasmas. Com o tempo eram mais freqüentes. Sinal da idade pensou. Ao mesmo tempo alisou o fígado. Bons eram aqueles dias em que pensava ser eterno. Só pensava na mulher seguinte. Agora lembrava daquela que ficara para trás.

Ligou a FM baixinho para não acordá-la. Brega Veia. Estranho nome daqueles caras que misturavam rock com xaxado. Estavam toda hora rodando. Prestou atenção na letra. Falava em miséria, desemprego, fome. Modismo de bandas que querem que alguém as enxergue.

Aquilo incomodou. Que porra! Pensou. Estava bem como funcionário público. Bem, força de expressão é claro, que o salário era pouco. Não tinha chefe, o que era bom. Ninguém lhe obedecia, o que era melhor. Assim não tinha remorsos e nem passava vergonhas. Sua incompetência estava bem guardada. Escondida.

Na verdade sabia que estava preso. Uma jaula quase à prova de fugas. Quase? Vá lá. Sonhava ainda um dia fugir. Leisa. Que canalha a estaria comendo? Se ainda ela estivesse ali, sua prisão poderia ser mais amena. Certamente, mais movimentada. Mas e se ela agora fosse gorda?

Tornou a encher o copo. Só lhe restava beber.