A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

sábado, outubro 20, 2007



Segue a saga do herói de Murici. O intrépido e audaz herói de Murici!


O Poder do Pensamento Positivo

Ninguém me tiraria de lá. Abisolutamente não.
Meus bracinhos forçavam a barriga e as costas, enquanto a água de coco entrava pela minha boca aberta pelo esforço. O sabor salobo pareceu me dar forças.
Eu consegui travar tudo. Não me movia um milímetro. Senti uma mão na minha careca. Depois alguém tentando descolar o pescoço dos ombros para poder puxar. Nada feito. Eu era um rocha mais firme e forte que Gibraltar. Se você não sabe nada sobre Gibraltar leia o que diz a Wikipedia.


Gibraltar é um território do Reino Unido localizado no extremo sul da Península Ibérica. Corresponde a uma pequena península, com uma estreita fronteira terrestre a norte, é limitado, dos outros lados, pelo Mar Mediterrâneo, Estreito de Gibraltar e Baía de Gibraltar, já no Atlântico. A Espanha mantém a reivindicação sobre o Rochedo, o que é totalmente rejeitado pela população gibraltina.

O nome Gibraltar origina-se na expressão árabe jabal al-Tariq (ﺨﺒﻝﻄﺭﻕ) que significa "montanha do Tarique". A montanha, um promontório militarmente estratégico na entrada do mar Mediterrâneo, guarnece o estreito oceânico que une a África ao continente europeu. O nome tem por finalidade perpetuar os feitos do general árabe muçulmano Tariq ibn Ziyad, que, no ano de 711 d.C., ao tomar o reino visigótico na Península Ibérica, sua primeira providência foi pôr fim ao extermínio em massa de judeus naquela região.

Antes foi chamado pelos fenícios de Calpe, uma das Colunas de Hércules. Popularmente, Gibraltar é chamada de "Gib" ou "The Rock" (o Rochedo).

Eu era o Gibraltar de Murici. Minha mãe o Reino Unido e aquela parteira fia de uma égua era a Espanha. Quem elas achavam que eram para querer ter poder sobre mim? Eu, um legítimo cabra da peste. Muitas vezes, nos últimos anos, me pergunto porque somos chamados cabra da peste. Fui até olhar na wikipedia:


O bode (Capra aegagrus hircus), macho adulto dos caprinos, é um mamífero herbívoro ruminante cavicórneo que pertence à família dos bovídeos, subfamília dos caprinos.
O feminino de bode é cabra e os animais jovens são conhecidos como cabritos. Assim como os carneiros, emitem um som chamado de balido (o conhecido "Bééé").
O caprino é um dos menores ruminantes domesticados. Os caprinos domesticados são descendentes da espécie Bezoar, encontrada no Mediterrâneo e Oriente Médio, principalmente na ilha de Creta. Na maioria das raças de caprinos, os dois sexos têm chifres e barba. Os chifres podem ser curvos ou em forma de espiral, mas muitos têm um lado interno afiado. O pêlo pode ser comprido ou curto, macio ou áspero, de acordo com o habitat e o controle da criação. Procria em 150 dias.

Já sobre peste, a wikipedia é muito mais específica:


Peste negra é a designação por que ficou conhecida, durante a Idade Média, a peste bubónica, pandemia que assolou a Europa durante o século XIV e dizimou em torno de 25 a 75 milhões de pessoas, pois alguns pesquisadores acreditam que o número mais próximo da realidade é de 75 milhões de pessoas, um terço da população da época. A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida ao ser humano através das pulgas dos ratos-pretos (Rattus rattus) ou outros roedores.

Sinceramente, não entendi porque eu sou um cabra da peste. Mas lá estava eu me debatendo. Um fórceps entrou buraco a dentro e foi fechado sobre minha cabeça. Inútil. Nem precisei muito esforço. Acho que foi a primeira vez que usei o poder do pensamento positivo. Daqui não saio, daqui ninguém me tira, eu cantarolava.
Foi quando percebi o poder do golpe sujo. Alguém pôs para dentro, enrolado num plástico, um papel verde com uma foto sorridente e um número escrito ao lado. In God we Trust, consegui ler. Ao contrário da mãe de Lula eu não nasci analfabeto.
Aquele papel me pareceu tão interessante, tão aconchegante que soltei um dos bracinhos para pegá-lo. Foi quando aprendi que golpe baixo funciona. Antes de tocá-lo, o papel escorreu para fora puxado por alguém. Sem outra alternativa, fui atrás.
Quando vi, alguém me batia na bunda e me fazia chorar. Nesta hora deveria ter aprendido a confiar só em mim mesmo. As consequências de não ter aprendido vamos ver adiante.
Enfim, eu era o mais novo Muriciense. E, se não me engano, ouvi os sinos tocarem.

sábado, outubro 13, 2007



Acho que faz tempo que ninguém vem aqui. Faz sim. Eu que deveria zelar por este espaço não vinha há quase um mês. Imagina o leitor fiel que vem e volta e só encontra o marasmo. O infiel, então, este até esquece que o blog existe.

Mas também, que diabos!

Escrever sobre política, além da mesmice dos assuntos, dá gastrite. Pensei em escrever a saga do Cangaceiro das Alagoas, mas ... Mentira. Não tinha pensado nisto. A idéia surgiu agora. É isto.

Como se chega à Rei da Cara Dura, a partir do nada. Vamos lá então.

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Prólogo

Minha mãe tomou muita água de coco enquanto eu me preparava para ser presidente de alguma coisa. O que, exatamente, eu ainda não sabia. Sabia que seria. Afinal, minha terra, além de ter palmeiras e alguns sabiás, tem gente que nasce para ser algo na vida. Ta aí o Murici, ganhando tudo para não me deixar mentir.
Murici é um importante polo do agreste da micro região de Branquinhas. Merecem destaque também os poderosos municípios limítrofes de Murici: Capela, Flexeiras, Messias, Atalaia e Rio Largo.
Os inimigos, sempre eles, dizem que minha mãe enfrentava muitas festas nestes municípios e que esta história de beber água de coco iniciou lá. Mas é mentira. Pelo menos eu acho que é mentira. Uma mentira deslavada, como diz o Maluf.
Mas estou divagando. Meu pai, foi o principal responsável pela minha sólida formação moral, intelectual e, principalmente, pela minha fidelidade política.
Se você, cabra da peste, duvida, olha o que diz dele a Wikipedia:


Olavo candidatou-se a prefeito de Murici no ano de 1992, pelo PMDB. Naquele ano, seu filho mais velho foi o articulador político de sua campanha, denunciando a prática do voto-carbono utilizada pelo candidato do PSDB, Glauber Tenório. Tenório era apoiado pelo então tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Melo, Paulo César Farias.

O filho mais velho, você adivinhou, sou eu. 1992, foi o ano do impeachement daquele cabra safado do Collor. Imagina só! Teve gente que votou no magano para presidente da república. Isto é abisolutamente desprezível.
Mas esta parte da história não é para contar agora. Agora eu estou na barriga de água de coco da minha mãe. Lembro, como se fosse hoje da hora em que me chamaram para a responsabilidade. Era o mês da proclamação da independência do Brasil. Quando minha mãe começou a fazer força para me tirar da barriga, abri bem os braços e as pernas, grudei a cabeça no pescoço e pensei: daqui ninguém me tira. Era uma premonição.
Logo, logo conto a batalha.