A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

sábado, junho 03, 2006

Mário Quintana foi o maior poeta brasileiro. Por isto, certamente por isto, nunca foi da Academia Brasileira de Letras. No que, certamente, só teve a ganhar. Tomar chá com o Sarney deve ser uma das coisas mais desagradáveis a ser enfrentada por um humano com pelo menos 30 de QI.

Eu nunca fui muito de poesia, mas o Quintana é a exceção.

Outro dia li um comentário de que ele tinha problemas com o pai e sofreu de alcoolismo. Normal. Quem não tem problemas com o pai de quando em vez? Alcoolismo é uma válvula de escape.

Outro cara falou que ele era um anjo assexuado. Aí surgiu a história de que tinha pau pequeno. Curioso um Alegretense de pau pequeno. Depois outro que viu o tal, disse que era normal. Ah bom ... Mas o que é normal para um Alegretense?

Mas aí fica inevitável a imaginação. Se todo cara com pau pequeno for poeta, quem ama a poesia deveria se mudar para o Japão. Ao menos é o que dizem dos japoneses.

Mas voltando ao que interessa. Eu amo Porto Alegre, tirando o clima miserável, é claro. E jamais deixo de me emocionar com uma poesia do Quintana sobre esta cidade onde passei muitos bons e maus momentos. Vai aí para relembrar. E para quem não conhece, se deliciar. Com fotos do Bro e da To.


O Mapa


Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...