A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

sábado, setembro 17, 2005




Não jogue fora o seu cocô. Como diz aquele blog famoso, sua merda pode virar ouro.

Outro dia fui num Workshop sobre projetos de pesquisa na área de construção. Na verdade foi uma reunião, mas no meio acadêmico é "chic" dizer Workshop. Mas vamos ao que interessa.

Neste workshop, a Margaret, chateada com o relatório de alguns projetos que estavam sendo apresentados decidiu fazer um balanço e propor novos projetos.

Quem é a Margaret? Não vem ao caso agora. Depois, se ela deixar, eu passo a ficha técnica.

Mas voltemos ao foco. A Margaret decidiu fazer um levantamento sobre pesquisas voltadas para a produção de materiais de construção. E descobriu uma coisa muito interessante.

Descobriu que, por alguma razão divina ou esotérica, o mundo decidiu que tudo que não presta, todo o refugo, todo o lixo da humanidade, deve ser transformado em material de construção.

Ah, você duvida? Quer ver a lista de "resíduos" que já foram testados como material de construção com recursos públicos investidos na pesquisa? Então vai lá.

Resíduo de polivinil butiral, resíduo de corte de granito, resíduo de Pinus caribaea, resíduo de lapidação de vidros, lama de lavagem do minério de ferro, resíduo industrial, resíduos da clarificação de óleos comestíveis, resíduo de laminados de fibra de vidro, rejeito plástico, resíduo de borracha, escória de aciaria, cinza da casca de arroz, resíduos de E.V.A. (Ethylene Vinyl Acetate), resíduos do processo de fabricação de papel, resíduo do curtimento de couro, resíduo de areias de fundição aglomeradas com argila, escória de ferra-cromo, material dragado do rio Tietê, resíduo de E.V.A. da indústria calçadista, resíduo contendo metais pesados, resíduos de contrafortes de calçados, resíduo sólido da fabricação do zinco, resíduos de indústrias têxteis e cinzas pesadas, a arquitetura divulgando o resíduo sólido urbano como recurso, cinza de incineração de lixo aeroportuário, rejeito da indústria da cerveja, cinzas pesadas de termelétricas, cinzas de cana de açúcar, fibras de borracha vulcanizada (da recauchutagem de pneus), resíduos agroindustriais, resíduos da indústria siderúrgica e, ufa, resíduos da borracha de pneu.

É pouco? Pois a Margaret acha que é. E eu concordo. Não importa que o único que tenha vingado seja a cinza leve de usinas termelétricas, que aliás nem foi mencionada aí em cima. Cinza esta toda consumida, veja só, pela indústria de cimento. É uma espécie de enchimento, pode-se dizer assim, para dar "volumetria" e peso, obviamente, aos sacos. Mas até nem é tão mau o seu uso. Tem até fábricas de cimento que, vejam só, compram cimento com cinza de outras fábricas, acrescentam mais cinza ao cimento com cinza e vendem o novo cimento. Tudo nos conformes. Quer dizer ... Nem tudo, mas também, quem liga em comprar produtos fora de normas?

Então, como boa pesquisadora que é, a Margaret, com a ajuda minha e do Marcelo, um arquiteto meio abusado, propõe a pesquisa com novos resíduos. Temos certeza que estes vão vingar e que em breve sua casa vai conter estes novos produtos.

Mas isto é assunto para outro post. Enquanto isto, vai armazenado o seu cocô, que este lhe poderá dar muita alegria e dinheiro no futuro.

(To be continued)

1 Comments:

  • At 2:00 PM, Anonymous Anônimo said…

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