A Vaca e o Brejo

Vaca no brejo é rua sem saída, porta sem trinco, é cobra fumando.

terça-feira, janeiro 23, 2007



A semana de férias no hotel a 20 km de Angra foi tão boa que este resfriado de herança não atrapalhou. Nem os 2 quilogramas a mais. Quem se excita com o litoral de Santa Catarina, certamente terá orgasmos com os recortes da Ilha Grande, as centenas de ilhas e o verde indescritível da mata.

Conhecerá também outro Brasil. Aquele de casas de frente para o mar com 18 suítes. Do condomínio que expulsou o Zeca Pagodinho por não aguentar pagode toda a noite. Dos helicópteros trazendo os proprietários de casas para o fim de semana.

O mar de Angra, para quem não sabe, é frio e afunda muito rapidamente. Mas ainda mantém uma fauna quase intacta. Tartarugas, estrelas do mar, peixes de todo tipo nadam tranquilos na certeza de que não serão tocados. Um argentino, sempre eles, apareceu no hotel com uma estrêla do mar. Quase foi linchado.

Uma rápida ida a Paraty deixou a vontade de voltar lá por mais tempo. Pelo menos 3 dias, que o centro histórico merece ser aproveitado com calma. Na baía, o Paratii-2 do Amyr Klink reinava absoluto. Uma pausa para recomendar a leitura do Linha-D'Água. Para quem gosta de mar e também para quem quer descobrir como se fazem as coisas mais bem sucedidas neste país. Só com muita garra mesmo.

A usina atômica de Angra parece comprovar a idéia de que trocar combustíveis fósseis e hidrelétricas pelo átomo é o caminho mais seguro para diminuir o aquecimento global e minimizar o efeito da ação humana sobre a natureza. E pensar que no Brasil usina atômica e ditadura militar já foram quase sinônimos. Espera-se que os eco-chatos não atrapalhem.

Como nem tudo é cerveja gelada, acompanhei pela TV o circo montado na cratera do metrô. Jornalista é uma raça desgraçada. Jornalista de TV, nem se fala. E profissional medíocre então? No caso juntou a tesão com a vontade de dar.

Morte de inocentes à parte, o que mais chocou foram os engenheiros e geólogos que, atrás de seus 5 minutinhos de fama, falaram asneiras até não poder mais. Uma penca de "Famosos quem?" eram entrevistados a toda hora pelos abutres. Obviamente deviam dizer o que os repórteres queriam ouvir. Causas e culpados eram apontados ao sabor dos ventos e dos caminhões de lama retirados. É possível que a causa da tragédia seja o projeto, a execução e até mesmo a ganância de empresários, mas ali, sem dados, as especulações eram apenas demonstração de falta de ética profissional, vaidade e vontade de aparecer. Que deu vontade de dar uns tapas deu.

Com tempo conto mais.