Se você é dissimulado e falso e sabe chorar convincentemente você é um ator. Quanto mais falso e dissimulado, melhor ator você é e melhor convence no papel em que estiver atuando. Então, partidos políticos, quando querem convencer a massa ignara apelam para atores.
Quanto piores e mais mentirosos os objetivos mais atores são colocados para defendê-los.
Isto explica a participação maciça de atores em campanhas políticas.
Músico também leva uma beirada, mas neste caso por conta de outra característica das "massas", a de idolatrar qualquer bosta que grava um CD e coloca a cara na tela de um canal de TV.
Às vezes o tiro sai pela culatra. Foram colocar artistas para defender a proibição da venda de armas e deu aquilo que todos já sabem. Bom seria se isto se tornasse a praxe, ou seja, sempre que uma campanha apelasse para artistas, levasse chumbo na testa.
Fagner, o Raimundo, a propósito deu uma bela entrevista para a Veja sobre o tema. Perguntado porque criticou os artistas que apoiaram o desarmamento respondeu:
Quis dizer que artistas costumam agir em bando, só seguindo a manada. Querem sempre ser "bonzinhos", "de esquerda", "do bem" – e, muitas vezes, nem refletem sobre o que estão dizendo. Esse referendo sobre o desarmamento – que eu acho, antes de tudo, inoportuno – é um exemplo. Tenho certeza de que muitos atores e cantores são contra o desarmamento. Mas você acha que eles têm coragem de ir à TV dizer isso? Têm medo de parecer politicamente incorretos. Fiquei louco quando vi aquele monte de artistas posando de anjinhos ao lado do SIM. Eles deveriam era botar a cara na televisão para exigir explicações do presidente. Afinal, foram eles que colocaram o Lula lá. Só que, agora, não têm coragem de vir a público dizer que estão decepcionados com ele.
Segue Raimundo, o Fagner:
Artista é vaidoso demais para dizer que errou. O resultado é este: fica o presidente de um lado, dizendo que não sabia de nada, e os artistas, que o elegeram, de outro, sem acreditar nessa balela, mas sem peito para botar a boca no trombone.
Gilberto Gil está lá, junto de Lula. Caetano Veloso está calado. Chico Buarque só declarou que está triste. O que se passa na cabeça de uma Fernanda Montenegro, que não diz nada numa hora dessas?
E completou, quando perguntado de que forma esses artistas deveriam se manifestar:
Você já imaginou o impacto que poderia ter uma carta pública de Chico Buarque para o presidente Lula? E já imaginou se o Zezé Di Camargo falasse alguma coisa? Mas ele não fala. Está sem tempo e também tem umas dívidas para receber do PT. No lugar deles, vem essa filósofa, Marilena Chaui, defender o indefensável. Assisti a uma entrevista dela outro dia. Durante duas horas ela ficou nesse negócio de "filosoficamente falando". Parecia que no dicionário dela não existia a palavra "corrupção". E fica um bando de abestados achando ótimo o que ela diz.
Pois é. Nisto tudo só posso concluir que neste circo sobra o papel de palhaços. Que, certamente somos nós.
Só que no caso, sentamos na platéia.